terça-feira

setembro de 2007, segundo mês

30.09.07




Indo ao parc Buttes-Chaumont. Hoje resolvi levar algumas flores minhas para passear, de cetim e de chita. Faz um sol lindo e isso me faz pensar que Paris gosta dos fins-de-semana e dos turistas, que em sua grande parte vem para esses dois dias. Já notei diversas vezes que chove e faz frio durante a semana para no sábado ser tudo diferente. No Brasil costuma ser o contrário. Sentada ao sol. Esse parque sem dúvida é um dos melhores que já vi, e sei que não é apenas primeira impressão. Sossegado embora cheio de famílias. Quase não se ouve sons da cidade, embora ele esteja cercado de ruas e casas. Uma gruta com uma cascata linda, alta, ampla. Muita água correndo, som que me acalma. Coloquei algumas flores de cetim sobre uma pedra e fotografei. Coloquei algumas de chita com alça em uma árvore. Fotografei assim disposta e também com minha mão e braço aparecendo, e a sombra das folhas por sobre ele. Executar esse passo foi um exercício e tanto.




29.09.07

Hoje a janela ficou embaçada. Me pergunto se o banho foi muito quente ou se está muito frio lá fora. Talvez a combinação de ambos. Ao sair na rua, vi que o frio era mais imaginário. Excelentes momentos passados no museu Zadkine, com obras de Rafael Lain e Angela Detanico. Vários prédios lindos na região, um que eu acho já ter visto, só que não sei quando. Não me lembro de ter ido a essa região antes. Museu de arte e paleontologia ou arqueologia. No mais, entrei por outro lado do jardin du Luxembourg, após passar por outras duas praças bem interessantes, uma dedicada à Marco Polo. Aí percebi que as folhas já estão quase todas marrons. No jardin Du Luxembourg passei por uma ala onde havia uma exposição de frutas, legumes e flores de forma divertida, para associar a Arcimboldo, cuja exposição está ocorrendo no museu Du Luxembourg. Tinha degustações, inclusive de pétalas de flores, comi uma roxa, acho que de amor-perfeito. Uva, kiwi, abacaxi. Havia um rapaz modelando legumes, fazendo flores e arranjos com eles. Havia trabalhos de arte partindo desses elementos, alguns excelentes. Cidades construídas com chips eletrônicos e brotos nascendo entre eles. Um urso feito de pele de kiwi. Vestidos recobertos de grãos. Homens miniaturas (para uso em maquetes de arquitetura) sobre cogumelos, fotos agigantadas. Bem bem interessante essa parada. Entrei em algumas igrejas. St. Sulpice, St. Germain des Près. Uma expo de artistas que fizeram residência na Espanha. Valência? Um vídeo na vertical, de passos dados para ir à praia. Salto alto, meia fina com risco e saia verde. Voltando para casa comprei dois cartões postais, um com a Sacre Coeur e outro a Notre Dame. Chegando em casa dei início às fotos com velas em cima. Num primeiro momento tentei fazer duas cores juntas. Percebi que me agrada mais uma cor em cada. Escolhi o verde e o vermelho, por serem complementares e por terem o mesmo tom de cinza quando em PB. Manipulei o liquido para que ele tombasse sobre o cartão. Caso contrário a vela se dissiparia sem deixar muitas marcas. As velas com fundo de metal não queimam o papel ao acabar a vela. A parafina estando líquida dá um excelente visual, ainda mais os cartões sendo PB. Muitas fotos feitas, muitas experimentações. Ótimo resultado. Idéia: ploter PB das rosáceas da Notre Dame, e velas coloridas mais ou menos iguais as dos vitrais em cima para derreterem. Performance? Happening? Os cartões ficaram ondulados pela umidade da parafina. Se for deixar reto, a vela se solta. Vela. Ponte entre céu e terra. Ilumina. Leva os pedidos para o alto. Queima. Luz enquanto sabedoria. Velatura. Meus elementos constantes. Geometria. Luz e sombra. Cores. O que se espera de um retrato, seja ele foto ou pintura, de hoje ou de ontem? Paisagem-retrato. Ficção-não-ficção. Junção do que é nominalmente separado. Tudo é uma coisa só. Energia. Não busco resposta agora, mas gostaria de saber onde se juntam jardins e velas, flores e rosáceas-mandalas. Instalações e fotografias.

28.09.07

Se ter tempo para estar consigo nos permite um auto-conhecimento, estou me conhecendo arte. Me volto para isso. Estou me pondo para fora colorida. Me deixo estar em casa, esse lugar mágico onde venho criando um jardim. Espero que eles queiram sair à rua. Observo quando faço o registro de um primeiro trabalho que parte de uma idéia nova, é sempre algo tímido. E que evolui, se transforma. Então, a cada idéia nova, apenas começo e deixo que o desenvolvimento venha. Continuo fazendo fotos das flores de cetim, com uso do registro de movimento. Definitivamente não sei ligar o aquecimento. Chove, ininterruptamente. Às vezes quando olho fica ainda mais forte. Às vezes finge parar. Mas chove, ininterruptamente. A parede começa a escassear. A distância entre chão e teto se aproxima. As flores no chão diminuem progressivamente. As vermelhas vão ficando para o final. Todas elas têm um gancho para serem colocadas à mão ou penduradas por um fio, invisível ou não. Em um galho de árvore, em uma ponte, na mão de uma criança. Falta-lhes perfume, o meu. Este ano tive verão, outono e inverno duas vezes cada, no Brasil e na Europa. Ironicamente, não tive primavera em nenhum dos dois. Só em mim.

27.09.07

Sinto como se tivesse criado minhas próprias flores. De múltiplas cores. As flores em si. E me vi fotografando como o mesmo conceito e enquadramento das flores e jardins de sticks adesivos. Impressão de ter dado um novo passo, avançado. Fotos dessas flores para serem fotos. Produto final, além das instalações que virão. Minhas flores contrastam com a paisagem além da janela. É como se assim eu tivesse a paisagem mais condizente com as necessidades minhas, vibrante com todas as cores. Fiz o registro das flores colocando-as em cima de uma chita que não pretendia mesmo cortar. Assim sumi com o preto do chão que estava me incomodando. Os espaçamentos. As combinações de fitas largas e finas. As borboletas entre as flores. A azul com as malvas. As pinks de outra espécie com outras pink. O tanto de fio à mostra entre uma flor e outra. As ondulações. O direito e o avesso se alternando. Direito com direito, direito com avesso, avesso com avesso. Fiz alguns auto-retratos, executando esses novos trabalhos. Ficaram bastante bons. Decorei mais algumas tampas de vela de Notre Dame. Sempre flores e borboletas. Para quem há pouco mais de dois dias não sabia o que fazer com as flores de tecido, como se elas pertencessem apenas a uma idéia tida no Brasil, observo agora as flores se movimentarem em direção aos fios e serem colocadas na parede, para em algum momento existirem ao ar-livre. Já tenho alguns bons grupos reunidos.

26.09.07

OS JARDINS. OS LUGARES. Arenas de Lutetia Luxembourg Torre Eiffel Boulevard Pereire Daumesnil Bagatelle Arsenal Versailles Petit palais Tuileries Carnavalet Place des Vosges MAM Palais Tokyo Margens do Seine Île de La Cité Les Halles André Citroen Sacre Coeur

Para as velas : uma bíblia em branco. Livro De Latour, Rembrandt, Frans Hals. Não que eu não tenha o que conhecer em Paris, mas é possível fazer pausadamente, sem a ânsia de querer abraçar e carregar tudo consigo de uma só vez. Repensar os lugares que já fui me deixa muito feliz, como pequenas grandes realizações. Não coloquei em palavras a ida a Giverny e Rouen, que foram impactantes para as idéias e olhar. Faltaram palavras, ficaram imagens. Fui duas vezes a Versailles. E se der, uma terceira. Agora o momento de sossego me permite combinar as flores e idéias delas em guirlandas e bouquets. Sem dúvida uma soma de tudo o que vi-vivi até agora estando na Europa. Me surpreende e me agrada, por isso não questiono. Faço. O próximo passo será levar ao ar-livre. Deixar respirar e ver como se comporta ao vento. À chuva e às pessoas. Às outras flores, ao verde. 21 flores a partir de sete cores. Combinadas de dois em dois. De onde vieram essas idéias, o estalo em si, não me dei conta... só sei que ontem me pus a fazer e hoje já tenho uma bela série. Um desenvolvimento, desdobramento. Os pensamentos são mais silenciosos agora. A maior parte fala da questão da percepção do tempo. De quando parece muito ou pouco. Do tempo que há para tudo. Memórias da infância. A princípio sem sentido, mas que tem vindo como um flash. O apartamento é silencioso. Vem pouco som de fora. Da forma que organizei, ficou amplo. Para poder pôr material no chão. Hoje fiquei observando uma luz no teto sobre a minha cama. Era uma forma que passava pela cortina, meio circular, que mudava seus contornos conforme a intensidade da luz que passava por alguma nuvem. Ri, pensando o que faz a falta de TV. Vejo e revejo Sob o sol da Toscana. A repetição que me permite desligar e ficar off. E on para as idéias. Essas amarrações, por serem feitas com fitas de cetim, me trazem à memória um pouco da arte popular. Mesmo que não seja essa a intenção. Continuam sendo jardim. E bouquets, corrente de flores, arranjos. O silêncio tem som. Ressonâncias. Todo viajante deve ter boa vontade. O mínimo. Para se deslocar pelos lugares desconhecidos e vivenciar o que há a sua volta. As tomadas são diferentes, as entradas dos ônibus, às vezes só há garfo e colher, por vezes não há azeite. As descargas, os secadores de mão. Os caixas de supermercado – alguns já colocam suas compras nas sacolinhas, outros têm divisor para separar os clientes, outros são tão ágeis que mal dá tempo para abrir a sacola. Sacola que por vezes é cobrada. É possível descobrir que os produtos da marca do lugar são uma delícia – os sucos, a batata frita. Em alguns lugares não se pega as frutas diretamente – você indica qual quer. Os produtos maiores têm sempre um ótimo preço comparando ao menor. É um belo incentivo. Em alguns lugares você compra o cartão postal e o selo. Em outros nem se sabe onde há a caixa do correio. Às vezes há na própria loja. Se viajar muito vai perceber que produtos são por vezes mais baratos em outros países do que no de origem. Que inseticida tem um cheiro delicioso. Bom-ar também. Que há postos de coleta seletiva. Que há água potável em bicas. Que pai-nosso e ave-maria a gente consegue entender em outro idioma. Amém. Quem viaja deve às vezes observar o calendário da cidade e ver se não há um feriado regional, daqueles que nem se sabe do que se trata mas deixa as lojas fechadas e a cidade vazia. Haverá um site específico para isso?

25.09.07

Após ter passado por diferentes países, percebo como os franceses são mal-humorados. No metrô, nos mercados. Como as pessoas se fecham nas ruas. Nem quero imaginar como irei perceber as pessoas em São Paulo. Mas sempre me senti bem nos lugares em que ia. Fiz alguns enfeites com as tampas das velas da Notre Dame. Coloquei adesivos, fios. Pensei em serem enfeites de Natal ou de berço. Lembranças de Paris. Acordo e olho tudo que coloquei no chão. Dei início às amarrações. Fitas de cetim dando voltas com flores envolvidas. Os fios sem estarem estirados dão uma ondulada.

24.09.07

Durante a viagem, demorei para me sentir na Alemanha. Onde eu estava não havia nome. Depois, ao longo dos dias, por diversas vezes não sabia onde estava, os nomes dos lugares se embaralhavam. Voltando a Paris, demorei para me entender aqui de novo. Foi como se eu não conseguisse ver a cidade. Me desloquei, sai do eixo. Só dentro da Notre-Dame que pus novamente os pés no chão. Sigo observando os vitrais, as rosáceas. Mexi um pouco nas velas, nos fios, nas fitas. Hoje me veio a idéia de que talvez as flores de tecido venham a ser usadas no inverno, quando a paisagem se fizer sem cor. Porque até agora não fiz uso delas, só desenvolvi novas idéias. Me cobro de certa forma um fazer mais intenso, mesmo sabendo que muito já se maturou internamente. - reproduções de obras com vela, acender e deixar derreter em cima. De Latour. - imagens em PB serem recobertas. Talvez de catedrais. - pôr a vela sobre a área da rosácea. - diversas cores, para jardim. -verdes e vermelhos, cor das folhagens. -não queimar até o fim, para não queimar o papel -pesquisar rosáceas. Vitrais da Notre Dame.



22.09.07

O tempo não tem medida. É uma sensação dependendo de se fazer muita ou pouca coisa. E ainda assim ele se reclassifica. Foi uma semana de viagem que pareceu um mês, mas que parece nem ter acontecido. Num primeiro momento surgem as lembranças mais fortes mas aos poucos os detalhes vão emergindo. Escrevi um longo email. Sequer tentei ser breve. Quis acima de tudo escrever para mim. Para me lembrar e permanecer. Ontem à noite fiz uma programação para ir à Veneza de avião e voltar de trem. Comprei bilhete pela internet, fiz reserva no albergue. Agora sigo economizando para segurar as pontas e ainda me dar esse pequeno grande prazer. Fiz composições com as velas no chão da sala. E registrei com fotos. As idéias cresceram. A palheta é a mesma das guirlandas de flores também de Kassel. E a um das minhas estampas de chita. Onde isso coincide? Porque veio até mim? Para ser pintura? Os porto-seguros me deixam um pouco inativa. Ou talvez tudo se trabalhe sem que eu perceba. Às vezes me é difícil simplesmente parar e contemplar. Me sinto com a necessidade de estar fazendo, de estar em movimento. E como disse, não sinto o ímpeto de conversar com os desconhecidos daqui. Talvez eu revolucione minha idéia de porto-seguro para ser alguém com mais estórias. O corpo quase que se recompôs das andanças. Amanhã, talvez, Buttes-Chaumont.

21.09.07


Paris. O conforto de se estar onde se conhece ruas e espaçamentos. Talvez só fique sozinho quem quer. Eu quero. Sossego, tempo para refletir, relaxar. Quero sol. Mesmo sabendo que o inverso disso é o que me deixa atenta. Voltar para casa. Me sentir em casa em Paris é interessante. Reposicionei móveis na casa para estar mais harmônico. Desfiz malas, lavei roupa, cozinhei, fiz contas. Os prazeres agora terão de ser envolvendo menos euros, até que haja um novo depósito em minha conta. Em Kassel tive um grande fluxo de idéias. Anotadas para serem revisitadas. De volta à Paris, parece que os dias de viagem foram sonho. Dissolvidos. Menores não fossem as fotos.



20.09.07

Indo para Brugge. Amsterdam é feita de pequenos detalhes, vistos ao longo dos dias. Agitada. Cheia de fios elétricos encobrindo parte da beleza da cidade. O fluxo de gente é constante. Como se ela não parasse nunca. Ela é uma de dia e outra a noite, bem diversas. Brugge dizem ser a cidade mais bela da Europa. Sem expectativa para passar o dia com chuva. Apesar de tantas coisas belas e novas, meu desejo ainda é o de estar em Paris à noite. A caminho, vi um campo de flores, cheio de cores, vermelho, amarelo, branco. Não sei onde estou, passei por St. Niklass. Passei por Brugge. Maravilhosa. Cinco horas super válidas, com sol, calor, pessoas felizes, belas casas, lugares, comida, chocolates, cerveja. São cidades assim que me fazem sentir bem, onde me encontro. Mas talvez seja preciso o contraste com o caos para assim pensar. Ok, passei por Amsterdam. De Brugge para Paris. Só pensando como é mágico se comunicar, emitir sons que formam palavras e frases, ser entendida e entender.





19.09.07


Após uma noite mal-dormida, cansaço. O corpo reclama tanta andança, mudança, diferença, estado de atenção. Carregar o guia e todo o resto, embora útil, pesa. Enfim. Darei início a janta. Sem saber se mudo de quarto ou de hostel. Mas talvez seja realmente ai que habite a beleza das coisas: a incerteza e o desconhecido. Hoje foi dia de museus. E de Vondelpark, o Ibira daqui. Andei por diversas ruas tranqüilas, mas o frio faz doer os pensamentos. Corta. Queima. Van Gogh, excelente; imperdível. Rijksmuseum, bom, mas não me agrada. Steidljkmuseum. Demais. Contemporâneo. Exatamente o que eu precisava ver. Bruce Nauman é muito bom. Marina Abramovich. Pipilotti Risti. Bill Viola. Beuys. E diversos outros trabalhos muito bons. Nam Jum Paik, Gary Hill. Pesquisar o acervo. Van Gogh: ver o percurso do seu trabalho ao longo de cinco anos mostra uma alteração tão significativa que passa a ser ainda mais admirável. Engraçado a cidade estar quase toda em reforma. Enfim, amanhã Brugge.


18.09.07

Amsterdam tem muito de bizarro. É uma linguagem totalmente peculiar, nas camisetas, objetos, brinquedos, souvenirs. Não sei se é porque talvez eu não volte aqui mas me deu vontade de consumir sem igual. Permissões controladas. A cidade na minha prévia conclusão é um misto de Veneza (50%), Milão (25%) e Paris (25%). Cara, linda e bagunçada. Passei em frente ao lugar em que Anne Frank viveu por dois anos. Não tenho curiosidade em entrar, mas lá iam as pessoas – fila. Entrei em diversas lojinhas e brechós. Passa-se o tempo mais rápido mas diverte. Aqui gostaria de voltar com amigos. Viagem assim deve deixar as pessoas mais humanas. O fato de compartilhar, de buscar se comunicar para sobreviver. Ou você fala com alguém ou pode ser complicado. Mas as pessoas geralmente são tão atenciosas que faz bem. Eu em Paris sou assim. Mesmo aqui, na recepção quando cheguei havia um chileno tentando se fazer entender em espanhol enquanto a moça falava inglês com ele. Facilitei a transação, conversamos e acabei sentindo saudade do Fondas de quem não me despedi.

17.09.07

13h12 em Kassel
Consegui encontrar as velinhas da idéia acima. Nem me pergunto como. Comprei 108. 3 pacotes de 36, coloridas, lindas e cheirosas. Imagino agora que esse trabalho terá uma certa importância, considerando a velocidade entre a idéia e o encontro do material... No mais, veio o Hércules. Foram muitos os degraus, estradinhas, paradas para respirar, ouvir o coração e contemplar. Muitas fotos, novos momentos dos jardins colados. 14h35 – Hannover, estação de trem Já no trem que me levará a Amsterdam. Uma central de trem cheia de lojinhas, cafés, mas resisti à tentação de perder a hora do trem, ainda mais considerando que em Kassel o horário se antecipou. Dentro de cinco horas devo estar no país das tulipas. Será que vejo alguma plantação? Sempre me vejo agradecendo por ter vindo à Europa há dois anos, para saber mais ou menos como funciona o sistema de trens na Europa. Venho descobrindo meio por conta o sistema de estadia a baixo preço. Que venham mais bons albergues da juventude! PROFUSÃO é uma boa palavra para o que tenho vivido. Me remete a muito, a tudo, a mais. Chove uma garoa fina. A paisagem se acizentou e talvez a temperatura tenha caído. Continua linda. E nova. As vacas no pasto parecem não se importar. Um campo de girassol. Casinhas e mais casinhas. A Alemanha é silenciosa, quase reta, quase pesada. Mas tranqüila, ampla. Ar de campo, verde. Água. Considerando que apresentei meu passaporte a um policial dentro do trem, devo ter cruzado a fronteira e estar na Holanda. HENGELO. Assisti TV uma vez nesse período. Em Rouen. Celular, nenhuma vez. Agora nessa pequena viagem, ausência de comunicação com as pessoas conhecidas. Só com novos e comigo. Estou me ouvindo. Incorporando a sensação de paisagem em mim. Foi bom ter ficado na Alemanha e ter me virado em inglês. Kassel é uma cidade bem mais barata. Talvez seja assim na Alemanha como um todo, ou nas pequenas cidades.

16.09.07

Kassel me fez ter emoções intensas. Vim sem ter onde ficar e a busca por um pouso foi desgastante. No mais, sigo visitando a Documenta. Declaro que não tenho gostado muito, mas voilà. Cá estou e vou tentar tirar proveito. No momento estou sentada em um banco, após ter passado por uma ponte sobre o rio Fulda, o principal da cidade. Gosto de me ter alguns momentos de silêncio, sem o burburinho do número infindável de visitantes da mostra. Um trabalho me fez ter uma percepção interessante. As janelas estavam com um filtro laranja e num primeiro momento tudo nela ficava dessa cor. Conforme a vista ia se acostumando, era possível quase ver da cor que estamos habituados, a pele e roupa das pessoas. Ao olhar para a outra sala, sem o filtro, via-se as pessoas em azul. Daí a questão: o que de fato é real no que vemos? O que eu vejo é igual ao que se vê? Em cor e interpretação? Vou me pôr novamente a caminhar. Às vezes dá vontade de ver esculturas se moverem, quadros falarem. Alguns vídeos parecem isso. Guitarras com disco que se movimenta e produz um som nas cordas. Formas que parecem casca de ovos, envoltas por fios, como se tivesse sido moldadas com eles junto. Mas ao mesmo tempo parece que os fios vieram depois. Foto na parede (ploter) de estante compartimentada, com pecinhas de metal e gesso. Muitas. E em PB. Papel arroz. Pedaços como pétalas, com aquarela, nanquim. Formar um jardim, com vidro por cima. Findas as baterias da câmera; as minhas, quase. O melhor dos lugares da Documenta para mim: Schloss Wilhelmshohe, próximo ao castelo da cidade, Hércules. Obras de Mira Schendel. Vídeo Funk Staden, ótimo! O povo não saia da frente. Kassel. Hèrcules ao fim da colina. Bela vegetação na cidade. Muito verde, poucas flores. Agora, 19h10, sinto cheiro do verde, úmido. Vem o frio, frio. Ainda vem mais. Que venha Hércules amanhã! Jardim movente. Se movimenta com o vento, permanece no local. De cima de uma ponte. No meio de uma praça.

15.09.07

Frankfurt. Espera de uma hora pelo ônibus que me levará a Kassel. Sozinha numa sala. Meus possíveis companheiros de viagem ficaram na duana com a polícia – irregularidades no passaporte. Já amanhece. Com aquele peculiar cheiro de orvalho, canto de pássaros e friozinho. Me trouxe a memória as manhãs da primeira série. Um universo onde eu tentava conhecer as palavras, formá-las. No céu, os aviões passam deixando um traço vermelho. Normalmente uma linha branca é o que surge. Singular a diferença. Sigo de Frankfurt para Kassel. 184 km. O dia amanheceu lindo. Observo a paisagem a minha esquerda. À direita nasce o sol, tudo se ofusca com seu brilho. Paisagem de beira de estrada, com poucas moradias, muita área vazia, postes de luz. Com jardins de girassóis, árvores de pequeno porte. Olhar algo pela primeira vez parece sempre mais rico.

14.09.07


Um sono longo esta noite. Alguns sonhos mais tensos mas no geral uma sensação de ter descansado como há dias eu não fazia. Ao levantar, percebi uma fresta de luz entrando na sala, passando pela cortina, e fazendo um desenho junto às camélias de Chanel. Fotografei. Foi o tempo certo para a luz mudar de lugar. A principio tudo pronto para seguir estrada e me aventurar num universo ainda mais novo. Duas palavras do idioma: Dank e Hallo. No mais, que o inglês me seja possível. Que Kassel receba bem seus viajantes. E que os viajantes recebam bem a Kassel. Há dois anos fui pela primeira vez ao d’Orsay. Lembro bem da emoção de ver salas individuais para os mestres que sempre admirei. Cézanne, Degas, Monet, Toulose-Lautrec. Não deixo de admirar, mesmo porque a cada vez que se olha uma obra pode-se descobrir um detalhe, uma pincelada, uma cor. Mas imaginar que já conheço o espaço que as contém tira um pouco do efeito mágico. Encontrar obras desses mestres em diversos museus faz também com que eu me sinta mais próxima desse universo. Parece que são menos degraus em direção ao altar que eles ocupam em minha imaginação. Ainda sinto um pouco falta de ver as colagens de Matisse. Por hora só as pinturas. Sigo neste momento para a Alemanha de ônibus. Paro em Frankfurt e então deverei pegar outro ônibus até Kassel. Eu na primeira fila, vendo a estrada. E um céu lindo, laranja, malva, azul. Um belo quadro. Agora nem penso em olhar pra trás e ver quão cheio o ônibus se encontra. Há um cheiro de pastel, alguma fritura. E claro, cheiro de pessoas, de suor guardado. Esqueci que meu nariz é sensível... Mas faltam só umas doze horas de viagem. Sem televisão, filme, sobra dormir. Sono.

13.09.07



Comprei meu primeiro vidrinho para pequenos jardins suspensos. Formato de pêra. Rearranjei a casa. Preparei espaços para que os desenhos venham. Acendi uma vela para sentir perfume de baunilha. As escolhas que eu fizer estando aqui terão um peso, gerarão um percurso. Uma rota. Ir para Kassel, Amsterdam, Brugge. Talvez Lichtenstein. “A mente, depois de ampliada, não volta ao seu formato original”. Albert Einstein. Admito que minha memória não tem sido das melhores. Às vezes não sei se escrevi algo e me ponho a escrever. Talvez de novo. Talvez como a chance de pôr no papel as emoções que não se venceram. Há quem diga que as boas idéias não se precisa anotar. O persistir é o que as faz válidas. Anotar, para mim, o que quer que venha, é como observar o caminho e não há só destino final, onde de fato nos sentimos chegar. Mas admito também que por vezes o melhor mesmo é viver e deixar que a memória do coração se encarregue do resto. Realmente um belo pôr-do-sol não se descreve, no máximo gera associações com outros pores-do-sol já vistos. Existe agora uma suavidade no ar. Talvez pelo cheiro de baunilha da vela que queima. Talvez pelo branco que me pus ao redor. Talvez por saber que me respeito ao máximo. Que cada fato vivido me propicia um aprendizado, com um degrau subido. Por vezes subir as escadarias de Paris é doloroso; as pernas pesam, o joelho se ressente, mas ainda assim me sentindo caminhar. Madrugada. No Marmottam também vi uma sala reservada às Iluminuras. As letras com as quais se começavam os textos, imagino que sagrados. Com ouro e flores as mais delicadas. Depois pretendo procurar alguma edição com as reproduções do que vi. Podem ser boas referências. No Musée de l’Orangerie, onde estão as Nymphéas do salão oval – divinas! Vi obras do Soutine e Modigliani, que reforçam minha idéia de prazer com ambos. No jardin dês Tuileries, uma pequena loja com centenas de livros sobre jardins e flores, de Paris, França e do mundo. De certa forma me dei conta que as fotos que venho fazendo não têm o intento de ser o registro de um espaço, e sim a possibilidade de recortes e obras em si. Fotografias. Gostaria de encontrar uma colagem de Matisse. Até hoje só vi pinturas. Seguindo a idéia da madrepérola pingente, e associando ao prato de cerâmica que fiz, pensar numa junção para objetos ou livro de artista. AS DIVERSIDADES. OS CONFRONTOS. O que se vê quando se sai do usual. Um mês e dez dias e o joelho direito insiste em se fazer mais presente do que o resto do corpo.

12.09.07

Follow your bliss. Every Day. Hoje, 12/09, a flor vermelha no copo de plástico segue seu curso ainda sendo apreciada. Trouxe do Bagatelle várias pétalas de rosas, flores diversas já caídas no chão. Azuis, amarelas. Brincos de princesa Pink e rosa pêssego. Alinhei sobre a mesa branca, separando por tipo e cor. Uma quase catalogação de um livro que eu talvez não escreva, o livro das flores. Elas seguem perdendo seu líquido, e secando, para seguirem em meu jardim de flores secas. No Marmottan. Primeiro ir a Giverny, depois ver as obras me possibilitou trazer o lugar para cá. O lago e seus reflexos. As aléias, as pontes, os espaços das rosas. Tudo é cor. Pulsante. Mas são formas em movimento, oscilantes, de seu desejo de serem o que a idéia concebe como rosa e um algo além. O desejo do artista. Os tons de azul e violeta nos penetra a mente, o corpo, os sentidos. Recupera a serenidade, conforta. LES ACAPANTHES.

Uma gama de cores que vai além da paleta superficial. A ocupação do campo da tela de forma aleatória. Desprendimento da ocupação do espaço. A profundidade por planos existentes nas águas das nymphéas. GLYCINES. Pontos de vista. Ângulos de visão. Não há apenas um. Volume. Dá para perceber e querer carregar nos braços os espaços abrangidos. Comprei um livro de Monet, cheio de diversidades, com esboços de quadros ainda desenhos, documentos, páginas duplas. Um belo objeto o livro que me dei. Indo ao Musée de l’Orangerie. O tênis era quadriculado de vermelho e branco. A boina, cinza. Olhava os mesmos quadros que eu por um tempo mais longo. Cada um sentava em um banco oposto. Se levantava ao mesmo tempo e então coincidia o olhar sobre uma mesma obra. O ir e vir se fez durante algumas vezes, até que cada um foi para um lado. Mas como que para mostrar que as oportunidades reaparecem, lá estava o tênis sentado em um banco de praça, outro banco que não o que eu havia sentado para contemplar a natureza real, tanto quanto as pinturas vistas a minutos. Nos falamos. Till. Nos demos bye e au revoir. E agora sigo a dança dos meus passos num caminho que não sei se coincidirá em algum outro momento com o dele. Nem se o reconhecerei sem o tênis quadriculado de vermelho e branco e boina cinza. A dança dos movimentos.

11.09.07


Ela toda de vermelho. Ocupava dois assentos em um metrô bem cheio. Os sapatos eram pretos. O anel, azul. O resto, vermelho. A bolsa gigante, com uma alça regulável, ajustada para passar por seu corpo. Ao seu levantar, tomou para si uma pasta, também vermelha, com muitos papéis. Parecia pesar. Ela inteira uma escultura móvel. Foi-se embora na próxima estação, com seu corpo largo e curtos cabelos loiros. “E assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenários, tudo para viver o meu sonho, entre luzes brandas e músicas invisíveis”. F. Pessoa. “Eu já fui transparente. Às vezes quando deixo de trabalhar, fico transparente de novo. Mas normalmente sou cheio de cores”. Arthur Bispo do Rosário. Frases que me acompanham por terem se fundido ao meu modo de estar no mundo. Paris é oferecida. Por todos os lados, a qualquer passo que se dê, há algo sendo ofertado. Deleite incessante aos olhos. Se apenas houvesse a vontade de vivenciá-la por inteiro, seria preciso mais de uma vida. Voltada a isso, note-se bem. Faço portanto minhas escolhas. Isso e aquilo. Por isso estou aqui agora, nessa cadeira vermelha com luz amarela e palco azulado. Onde está minha curiosidade? Ou meu ensejo de me lançar ao mundo? Preciso desligar o botão de refreio e acelerar em direção ao que quero. Esquecer os outros que a todo momento estabelecem conversas imaginárias comigo. Como disse Maíra, escrevi um livro imaginário que ninguém leu. – é porque está em sua cabeça, alguém respondeu. É, a maior parte das conversas seguem assim. Preciso mudar minha voz interior pra freqüência do quero sempre mais e tudo é possível. Então será voilà Paris, voilà mon coeur. Não escrevo todos os dias. Mas fotografo. E crio. Não espero todos os dias saber o que fazer. Não espero ao fim de todos esses dias saber o que fazer. Há algum sistema de lógica matemática em nosso movimento sobre a Terra, em nossas escolhas aparentemente aleatórias.

10.09.07

Bois de Bologne. Parc de Bagatelle. Este lugar, embora com a aura de perigoso à noite, com prostituição ao seu redor, sempre foi um lugar em Paris que gostaria de conhecer. Agora já pertence ao rol dos lugares idos. E adorados. O Parc de Bagatelle é uma peculiaridade, admito. Paga-se para entrar no período de exposição das rosas. Mesmo elas estando assim tão despetaladas. Continuam vivas. Sabem de sua missão e força. Centésima edição de um concurso para eleger a mais bela. Eu me abstenho da escolha. São lindas. Trouxe algumas flores caídas, algumas pétalas, uma inteira chamada Lavínia. Me diverti com pavões. Não lembro de ter estado assim tão próxima de um. E patos. Comendo o pão que eu oferecia. Já falei do bebê que esses dias, ontem!, me olhava e eu sorri de volta, e o bebê passou a sorrir, assim como o pai da criança? Me perguntei como um bebê consegue reconhecer os traços de um rosto e observar a modificação... Brincar com as aves em Bagatelle me fez ter a mesma sensação de alegria. Encontrar a cascata. O belvedere em metal, com sua escadinha. Tudo vazado, arredondado, azul. Ando me apaixonando pelas flores azuis. E assim resumem-se as lembranças de um dia tão agradável que é quase perfeito. Maristela Cabello me mandou um email dizendo que lhe parece que minha flor de tecido estava há tempos junto à lápide do Monet. Será? Talvez eu que tenha sempre desejado uma situação que parecesse mais profunda entre mestre e discípula. E assim se faz através de um recorte e uma foto. ALMOFADADO. PRETO. FIOS PRETOS. FLORES DE UMA COR. No chão, junto a junção da parede. Como um grosso tapete. Almofadado. Todo o chão de uma sala. Ou com um espaço ao redor da largura de um pé. Ter que andar por sobre o trabalho. As formas geométricas dos jardins como Versailles. No chão ou na parede. Tecido: seda ou veludo. Que atraia o tátil. BUSCAR PLANTAS NOS JARDINS ELABORADOS. Ter uma peça em madeira.


09.09.07


Pontinha da Île de La Cité Meu cartão postal alçou vôo. A cidade com guarda-chuvas era tema. Voando assim me fez lembrar “O tempero da vida”. Aliás, é o sal. Pequena foto quadrada, com um vidro fino em frente, e por trás envolto em papel preto. Uma moldura. Leve. Fino. Interessante para desenvolver com minhas fotos, flores e suco. Madrepérola. Adesivo frente e verso. Jardins portáteis. Sequência de fotos dos prédios em frente ao Pompidou. As pontes de Paris. As árvores ao longo do Seine. O natural. O artificial. O construído. O vento faz curva? Ondulações da água. VIDEO: OS SONS DA CIDADE A PARTIR DE UM ARBUSTO.

08.09.07

Le Bon Marché. Expo Tokyo A foto como permanência da breve existência da flor. Livro comprimido. Flor entre as páginas, conter o suco das flores. Um só de flores vermelhas. Azuis. Amarelas. Com ou sem stick. Com ou sem pequenas foto-memória. Tudo em um só livro ou em diferentes, um para cada desenvolvimento. O que sobra da flor. -desenhar em cima do suco. Deslocamento do olhar, expo Annette Messager. Acima, abaixo, espaço acessível por fendas. Imagens que não se observa no todo. As divisões. Fracionar. Agigantar e reduzir. O mínimo e o máximo. As molduras de Pierre et Giles. Apresentação do trabalho. Verticalizar. Raoul Dufy – semicírculo de quadros do chão ao teto. As cores. Os recortes. As colagens. Caixa-moldura. Dentro: desenho no suco da flor. Borda da caixa, ainda dentro: a flor. O partir em dois. O dividir ao meio. As metades. Pessoa. Torre Eiffel. Como é a MEMÓRIA no que eu faço? Mapplethorpe e suas flores. É, ele também faz. AS ASSOCIAÇÕES. A MEMÓRIA. AS TRANSFORMAÇÕES. AS IMPRESSÕES. Já habito Paris. Paris já me habita. Tanto que já não sei quando eu sou rua e ela pedestre. Circulamos no espaço geográfico de nós. Norte e sul, nascente e poente de momentos ininterruptos. Damo-nos nossos contornos. Céus coloridos. Silêncios e todos os sons. Meus pensamentos e todas as línguas. As pontes já saem de mim, partindo do meu peito. O que mais podemos nos oferecer? As luzes de idéias brilhantes. Reflexo da luz na água: DOURADO. Flores de cabos longos. Trêmulas e inconstantes.

07.09.07


Expo Pierre et Gilles, Jeu de Paume.O que são essas molduras das obras deles? Brilhos, purpurinas. A pergunta é como é o processo de desenvolvimento dessa parte. Caderninho. De um lado anotações dos jardins. Do outro, das exposições, museus. Foto das flores ampliadas em tamanho natural. Em contraponto, agigantar. Annette Messager. Desenho na mão, no pé. Ou na fotografia de mão e pé. Caderninho de aquarela. Ventilador sob um jardim\fazenda suspensa. Idéia do TGI. Com time para ligar e desligar. As flores caírem fora ou não. Dois ventiladores. Flores em suspensão. As pessoas jogarem no ar. Com time on\off. ART IS A GUARANTIY OF SANITY. “Precious Liquids”, Louise Bourgeois. Pompidou.

06.09.07

Intervalos. Para respirar as idéias e a escrita. O passo a passo e a concepção. O avesso. De trás pra frente. As anotações são todas memórias, seja do tempo que for. Com o tempo talvez se some mais a imaginação. Mas a percepção do olhar não carrega por si a partícula do imaginar? Dalida. Musée d’Art Moderne. Rodchenko, Kara Walker com colagens. Rodchenko com muita diagonal, geometria, paralelismo. Obra de Raoul Dufy. Muitos painéis em uma sala circular. Do chão ao teto. Com obra em TVs, não vi. O acervo. Boltanski. Robin Rhode e o vídeo das crianças com desenhos no chão como se se movimentassem. Muito interessante. Versailles e a vila de Marie-Antoniette em 05 de setembro (com Bel Estellita). E Centre Georges Pompidou. Em 04 de setembro, Sainte Chappelle, Institut du Monde Arabe, Musée d’Orsay, loja Pylones, torre Eiffel até segundo andar. Ruinas do Lutetia. Desenhar com água. Numa praça. Chão de terra batida e\ou concreto. Fazer maquetes\desenhos nos papéis de aquarela. Pensar arranjos circulares. Molduras vazias. ATLAS DAS NUVENS. Obra do MAM-Paris. Escrever as cartas aos amigos, o que eu falaria a eles sobre o que estou vivenciando. - porque as cartas virtuais não sobrevivem enquanto memória física. - porque é possível tratar detalhes que passariam batido. Esculturas do Musée d’Art Moderne pela av. New York. Envolver com flores. COLAGENS DE MATISSE. JARDINS DE MONET. As flores enquanto elemento de paisagem e de natureza morta\still life. Recortes. Termo de foto. As costas das flores pelo meio do bouquet. HÁ DIAS EM QUE É MELHOR ESTAR APENAS PRONTO PARA VIVER. AS ANOTAÇÕES FAZEMOS DEPOIS. Madrugada. Mas o fato é que as associações vão sendo feitas. Dessas obras de arte nos museus, são novidades incríveis em meu repertório. O foco acaba ficando naquilo que de fato importa. Não vou desenvolver o trabalho por conta de um determinado artista. O que pode haver é uma referência. Como Rodchenko hoje. A linguagem dos meios é bem diferente, mas da forma tem pontos em comum. Observar a arquitetura e o design dos objetos é tão enriquecedor quanto arte. São artes. Tudo a minha volta me faz refletir. O muro no fim da rua, com pequenos espaçamentos por onde crescem plantas. A praça ao lado da Torre Eiffel com um interessante lago que forma ondas listradas. Ver os fogos de artifício como delicadas flores, assim como vejo fogo em flores. FAZER. VIVER. BUSCAR O NOVO. REFAZER PERCURSOS. Museu de Arte Aborígene. Fantástico. Vermelho, super estilo, em ferro. Cercado de flores. Ainda não falei do galho de flor vermelha que encontrei na rua. Trouxe pra casa e coloquei na taça de plástico que trouxe de Versailles. No início ela ficava fora da borda do copo. No dia seguinte, ao murchar, ela o adentrou. E se encaixou de tal forma que parece ser perfume do Kenzo. Desde segunda. Hoje quinta, segue bela. O fio vermelho que sustenta os lustres em Versailles. As janelas com céu de lá. Planos? Rotas?

04.09.07

Quadrado de tecido branco, flores vermelhas de um lado, azul do outro. Presas por alfinete. Formando um círculo, deixando o quadrado encoberto. Com os adesivos também ter a idéia do círculo e dos dois lados, com transparência. Mirar na direção da rosácea da igreja.

03.09.07
As flores das naturezas-mortas. Os estudos em desenhos. As rosáceas das igrejas. A beleza dos vitrais a gente vê quando adentra a igreja. Será então que o direito é o inteiro, e o avesso o externo? Ou serão dois lados direito? A Notre Dame não tem escadaria. Talvez dê para fazer uma lista das coisas que tenho mais observado. O processo natural de existência em qualquer ser vivo. Procurar papéis de parede. Com flores. Papéis de embrulho. “A CASA PROTEGE OS SONHADORES” Tapeçaria de flores. Religioso ou não. Falei da compartimentação das flores por cores. Penso que é por os jardins sempre reorganizados dentro de um padrão racional. Talvez agora faça mais sentido distribuir as flores de forma ordenada do que a esmo como no Jardim Suspenso. Pelas fotos escolhidas para envio no email “um mês”, a Caru Duprat observou que a paleta das cores das flores estava de um lado só, dos magentas, lilazes e azuis. Eu havia reparado na hora em que as juntei, só não havia pensado enquanto paleta de cor.

02.09.07

O tempo todo passo pensando em arte. E em mim. Talvez seja tudo uma coisa só, mas ainda compartilho, separo. Mesmo quando aparentemente estou fazendo turismo é por conta do que há de arte ali. Nesse processo vou tendo dúvidas. Vejo a palavra transformação a todo momento. E me questiono, paro, reflito. Fora as fotos que venho fazendo, sinto um não fazer reinante. Bloqueio. Agora separo as flores por cores. Amarelas, Laranjas, Vermelhas, Pinks, Azuis, Violáceas. A organização como vejo nos jardins pelos quais passo. Explosões de cores. Daí as minhas flores também fazerem sentido enquanto cores. Compartimentadas. Desorientação. Falta de chão e de onde me plantar. Compartimentadas porém interligadas. Cada uma carrega consigo um pouco da outra. Ócio criativo.

01.09.07

Giverny e Rouen. Há muito a falar. As emoções soltas. O retorno antecipado a Paris por não conseguir seguir adiante. Em breve, as palavras. A forma arredondada em desenhos e pinturas, como abóbodas, na parte de cima. Cortes irregulares. Musée d’Art Americaine – Giverny. Musée de Beaux Arts – Rouen. França. Um mês. Um novo mês. O que ainda cabe em mim?


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