terça-feira

agosto de 2007, primeiro mês

30.08.07

Indo a Giverny. Gare Saint-Lazare
O que é natural, o que é artificial?
Minhas flores de stick, minhas flores de tecido e as flores plantadas num jardim.
Se eu planto minhas flores, o que há para colher? Que raízes fincam chão? Talvez nessas dúvidas se dêem todo meu íntimo.

29.08.07

Talvez eu faça um balanço do primeiro mês.
COBRIR. DESCOBRIR. DESCOBERTAS.
DUPLICIDADE. CUMPLICIDADE.
Palavra com dois sentidos, que fala daquilo que estou vivendo. Pensei em ser o nome de um texto. Um capítulo. Uma tese.


28.08.07

Prefiro a Notre Dame por fora. Assim como quaisquer outras igrejas. Entro, olho, observo. Mas admiro mais o externo.
Agora ouço o barulhinho bom de um dos pousos preferidos, onde a passarela do Seine encontra com a água, aquela já citada que me parece passagem pra uma cidade invisível. A água bate nas pedras num constante ir e vir e me transporta pra uma região marítima.
Há a constância de um trator.
Mas há também a sonoridade de um sax sobre uma ponte que se expande e chega até mim.
Algumas aves, talvez gaivotas.
Alguém que pesca. Pelo menos está com a vara. Alguém que tenta fazer com que seu cão goste das águas do Seine. Pelo menos ele se molha.
O interesse pelas sombras. Luz e sombra. O espaço que existe e que é impalpável. Aquilo que vemos de olhos fechados é menos real que o visto de olhos abertos?
O que está dentro do espelho ou poças d’água é menos verdadeiro que o que está junto a mim?

27.08.07

Madrugada insône
Talvez a busca de todo artista seja assim solitária. O encontro consigo. Se ouvir. Se calar. Se multiplicar e se dividir.
Muitos espelhos, muitas faces, um caminho.
Carrego flores, mas quem são elas?
Estão em todos os lugares, mas em mim, o que são?
O popular.
O religioso.
Frida Kahlo. Porque pensei nela?
Talvez por que ela se habitasse. E expusesse a si própria através de seus temas recorrentes. Ou porque ela se buscasse. Ou se soubesse.
Não gosto da repetição. Talvez por isso eu tenha dado um tempo aos jardins colados. Mas é bom fazê-los.
Será que em Giverny encontrarei algo que me dê um sentido maior?
Separar os recortes por cores.
Cobrir as escadas da arena de Lutetia em vermelho.
Que detalhes estarei deixando de lado? Daquilo que observo e vivencio ao longo dos dias. A maior parte do tempo me vejo transitando entre o estado de suspensão do tempo-espaço e presença no aqui. É dessa mistura que venho me surgindo.
Movimento.
Recortes do olhar.
Escolhas aleatórias.
O invisível.
Ainda 27.
Detalhes deixados de lado? Será que as coisas não são independentes disso?
Existem sempre diversos caminhos, escolhe-se um lado, põe-se a percorrer.
O que fica pra trás, ao lado, é parte de uma outra estória.
Nem olhos atrás nós temos! Adiante.
Mas não adiante nada, tudo a seu tempo. Nem sei mais se faço perguntas ou se um dia fiz. Hoje me ponho a contemplar.
E aí talvez uma hora eu descubra o que eu estava fazendo.
Páginas de um livro. Camadas de história. Objetos de exposição. Um reencontro. Talvez eu esteja fugindo. Talvez eu esteja indo de encontro.
Andamos em frente, mas há sempre várias formas de se chegar ao mesmo ponto.
No mais, as coisas também chegam até você.
Te encontra quando você distrai as idéias.
Gosto de flores sustentadas por galhos longos.


26.08.07

Sempre me pergunto se terei um recanto preferido. Porque a cada novo conhecido, me vejo encantada.
Como agora, nas arenas de Lutetia. Tanto tempo, tanta história. Alguém toca violão, e o som parece se expandir de forma circular. Na circunferência da arena.
Todas as cores devem se encontrar aqui. Jardin du Luxembourg. Cheio. Domingo.
Como uma passagem para aquilo que se quer ver.
Quanto tempo seria necessário para que se formasse um traço das pessoas que caminham? Que cor ficaria? O que sobraria delas?
Tudo tem seu tempo, mesmo a beleza das rosas. Perfume. Essência. Enquanto uma flor desabrocha, algum som se emite?
Uma foto. De um lado o jardim. Doutro, pessoas. Será um contraponto, o humano e o natural. Os dois em crescimento, ou pelo menos sofrendo a ação da passagem do tempo.
As flores continuam por todos os lugares. Nas bancadas dos prédios. A bancada em si. A espetacular flor ainda sem nome e com dezenas de cores da Île de la Cite. O perfume também seria dela?
A coexistência do antigo e do novo.
O medieval. O imediato.
O metrô passa por debaixo d’água.
Muitos pássaros mortos caídos no chão.
As pessoas vão parando nas pontes para observar quem apresenta uma música. As músicas também estão por todos os lugares.
Às vezes percebo melhor que estou em Paris.
E lembro de sonhos, idéias, desejos. Não tenho mais todo o tempo do mundo.
Portanto é melhor traçar rotas...
Hoje pensei nas sombras. Todos têm. E cria desenhos.


25.08.07

Indo ao Metrô Stalingrad. Canal St. Martin.
O que é o primeiro olhar? O movimento da cabeça, do corpo.
O que é se sentir em casa, se dar o direito de sentir mal-humor. Não querer sair mas dizer: vamos lá, hoje não chove.
Pertencer, não pertencer, se pertencer.
Segue-se assim sempre com olhares distantes. Contenções.
O que desejo e o que combina comigo daquilo que quero.
Será que aquele chão preto me dá bom dia? Ás vezes ele me parece por demais francês. Sujinho e antipático. Tento limpar e fazê-lo sorrir. Dura pouco.
Percurso Canal St. Martin
Sai um pouco da linha. Da rota. Encontrei um parque, com bancos livres ao sol. Dali vi flores brancas de metal. E flores brancas, amarelas e vermelhas alinhadas num jardim.
Sento na grama pra retomar o contato com a Terra. Deixar pra trás as energias indevidas.

24.08.07

Existe a música para nos transportar. Assim como o cheiro. Nos trazem cenários inteiros. Há físicos que se perguntam por que não nos lembramos do futuro, se a linha é uma só.
Pra mim basta lembrar dos bons momentos vividos até agora. Mesmo que seja hoje. Ou ontem.
Às vezes acho que não fiz nada. Me cobro produção. Então me lembro de descubrir um outro lado de Les Halles.
Rotas.
Uma bóia verde-vermelha no Seine.
A pontinha do jardim oval para escrever. Île de la Cité. Que se chamava Lutétia.
Chorão, árvore da infância.
Um nó na garganta, ainda sem nome.
Há uma semana havia Versailles.
Existe uma elegância mesmo nas flores caídas. Nas frutas frescas. Na água que balança e encontra pedras de muro de tempos imemoriais.
Vou me acostumando aos tons de cinza.
Aos telhados que ficam prata.
As ruas vazias à noite. Ainda mais de segunda.
Um novo ângulo do Hotel de Ville.
A cidade sem câmera para registrar.
Lembro de sonho não tão antigos em lugares em que eu talvez ainda venha a encontrar.
Igrejas e jardins. O que mais encontro aqui já se encontrava em mim.
AGORA SÃO TRÊS SEMANAS.
Duas que pareciam poucas e intensas. Três que parece tempo demais.
Continuo a andar.


18.08.07

Indo à Versailles
O que é esse tempo que se tem só para si? O trajeto que se faz para ir para si mesmo. Com pequenas paradas de reflexão, muitas de observação.
O que vemos quando abrimos os olhos?
O que vemos quando olhamos com a imaginação?
São tantos os caminhos.
Não sei o que me espera em Versailles. A idéia de muito. Luxo. Suntuosidade. Ainda que com céu em tons cinza. Que não chova. Que se mantenha estável. Que venha um mundo novo. Ainda mais novo do que todos os outros que venho vivenciando.
À Versailles / Les Eaux Musicales, 16h a 17h30
Estável. E melhor do que estava na ida. O mar de gente sempre me impressiona. Intermitente. Quantas mil?
De Versailles o que mais me impressiona é a manutenção. Demora a perceber que o lugar foi feito para ser moradia. É tão monumental... daí vem frases como “tudo o que o homem pode conceber, pode realizar” ou “tudo que está no plano da realidade já foi sonho um dia”.
E permanece. Com tinta acrílica na janela. Luz elétrica. Cartazes em 3D, perspectiva. Câmeras digitais, celulares.
O jardim de Versailles é profundo. Amplo, magnífico. Pouca importa que as pessoas encubram o que se vê. Pessoas distantes, pessoas próximas. Organização implacável. Geometria pouco perceptível, mas lá está. Sabe-se.
Preciso voltar outras vezes, para entender o que vi.
Sigo percorrendo os lugares menos turísticos, os que pertencem aos parisienses.
E descobrindo...
Lojinhas de souvenirs de Paris, com suas boinas, guarda-chuvas, echarpes, canecas, gárgulas.
Bouquinistes com livros de todos os tipos. De Fernand Braudell, arte contemporânea, desenhos, romances, pornôs, história, geografia de Paris.
Supermercados como Auchan, FranPrix, G20, Monoprix. E os mercadinhos, tão convidativos.
Lojinhas de casa. No Marais, Île de Saint Louis, BHV.
As de roupa ao redor da Lafayette.
Os sorvetes. As estações mais belas. E é claro, os jardins, as praças, os boulevards.
Pode-se anotar tudo o que se vê? Ou deve-se?
Em duas semanas, estes são os possíveis capítulos.
Aqui experimenta-se mais. No modo de vestir, corte de cabelo, formas de transitar. Aqui importa menos a opinião alheia. Faz-se o que quer.
Vou desenvolvendo o meu trabalho sem me sentir olhada. Pouco me importa.
A princípio não há nada diferente nas nuvens daqui. Mas sigo registrando.


17.08.07

Boulevard Pereire, 17éme
Mais cedo, no Luxembourg, com o tempo oscilando e me fazendo ter céu azul e cinza, dei inicio aos jardins na palma da mão e na ponta do dedo.
Com borboletas.
Uma pelo menos ficou muito boa, 0991. Um jardim, depois outro, em seguida os dois juntos.
Gesto de oferecer, apresentar, e depois compondo como parte da paisagem.
Minha mão como suporte. As linhas dos meus dedos, visíveis.
Tarte citron. Sabor novo.
Em direção ao Metrô, a indicação do Parc Monceau. Deixo então o vento me levar. Encontro a área com as colunas romanas, água descuidada.
A impressão é de que em cada parque há um tipo de flor plantada. Assim sigo com a impressão de sempre haver o novo...
Árvores com troncos largos, quase uma escultura. Corpos. Verdes arados. Grama. No parc André Citröen, a estufa com eucalipto, e outra planta com um peculiar cheiro de terra em sua folhagem. Sigo criando jardins colados na ponta dos dedos.

16.08.07

Será que quero saber o que quero?
Me habito como em um caleidoscópio, cheia de possibilidades. Talvez um gesto complemente o outro, e caminhem juntos.
Cabeça e pescoço: pra que separar?
Assim se unem FOTO/ARTE/MODA/ESCRITA. E aqui em Paris tenho respirado tudo isto. E mais um pouco, que ainda não identifico. Espaços. Design. Cheiros. Penso até onde posso ir para chegar a mim.
Castelo animado. A viagem de Chihiro. Descobertas interiores. Aceitação. Quereres.
Pros lados em que me dirijo, há o que fazer. E há uma entrega sincera, senão sequer começaria a me envolver. Precisa valer a pena, e poder me dar.
Se eu quero algo mais, um mais que outro? Nem isso sei. Talvez eu venha a descobrir.
Tenho tido tempo para pensar. Sentir. Me confundir. Me definir. Ser-me.
FLORES AZUIS. Chamam minha atenção. Talvez por isso eu esteja hoje de azul. Pra ser flor.
LUZES. GEOMETRIA. PARALELISMO. DIAGONAL.
Colorir as catedrais.
Tô curtindo o azul claro mas desejando o vermelho.
Jardim de bolso. Faça o seu a qualquer momento. À sua maneira.
Uma roupa, com fitas presas apenas nas pontas. Poder passar por entre elas as flores.


15.08.07

A maior parte do que somos carregamos conosco onde quer que vamos. Outra vamos trocando, como trocamos nossa pele, nossas células. Mas o que por hora permanece, por exemplo, é a estranheza de entrar em um lugar, um vernissage, sem conhecer pessoa, ver vários grupos conversando – em alemão! ou russo?! – e pensar: bom, vamos lá, agora só depende de mim.
Observar o que está exposto, admirar, em tamanha profundidade artística. E na simplicidade de apresentação.
Imagino sempre que cada um dá o seu melhor. Que seja prendendo uma gravura com fita adesiva.
Com isso refleti sobre como é meu olhar em uma exposição. Olhar de Faap, de Vermelho, de Mam. O que vi aqui foi algo tão sala de aula. Não pensaria em apresentar algo meu dessa forma mas agora me pergunto: porque não? Certas coisas não se trocam, certas definições do olhar. Mas é possível conviver em paz. Como viver juntos, afinal.
Após o vernissage, um tour por ateliers. Achei que iria haver apenas a apresentação do Igor, brasileiro pelo Icatu, mas não... pude assim passar por diversos ateliers, cada um com uma disposição arquitetônica. Escadas tão velhas e desniveladas que pareciam pertencer a outro mundo. Muitos ali eram de música. Ou de pintura. Sim, havia fotos. E mãos trêmulas ao apresentá-las. Desenhos tímidos, gestos inacabados.
Muito amarelo, nos diversos ateliers. Encontrei a janela com luzinhas de Natal que avisto todos os dias.
Na manhã de hoje refleti um pouco sobre o tempo aqui passado.
Sobre os emails que recebi em resposta ao que enviei. Estímulos sempre.
Tenho deixado o vento me levar, me perguntando quando farei um plano de ação. Hoje ainda não foi o dia.
Saí para o vento e encontrei Barno. Fomos juntas ao Parc André Citröen, em dia de chuva, vento, cinco baldeações e guarda-chuva quebrado. E uma arquitetura incrível em volta a natureza. Patos e cisnes. Pombos.
Caminhos de árvore, de flores, com escadas, estufas. Eucaliptos, pontes.
Flor azul. Fontes, cascata, o Seine, a ponta da Torre Eiffel.
Como em algo tão simples – um parque – pode haver a entrega para tanta coisa nova?
Acaso o novo não pertence a cada dia da vida? Basta abrir a janela.
Muitas lojas fechadas, outras fechando. Amanhã é feriado.
E assim sigo, respirando arte e detalhes de uma vida comigo. Reeducando meu olhar. E sendo-me.

14.08.07

Às margens do Seine, próximo a Pont Marie
No Luxembourg, sem maquina, fiz apenas fotos mentais.
Na Shakespeare and Co, ontem 13/8, chorei por dentro, alegria de encontrar o fascinante mundo das palavras. O lugar que fala por ser o que é. As moedas lançadas para um retorno. Le chat noir.
De dias para cá, palavras escritas e apagadas. Pouco fica do que lançamos no ar virtual.
Observo algumas árvores em curva. Ao lado de outras alinhadas. E ton sur ton de beges e verdes pálidos.
Talvez seja melhor registrar minhas idéias. Impressões, soleil levant.
Muitos. Muitos textos escritos, pensamentos advindos de meus lugares silenciosos. Os mais falantes por hora. Se expõem fingindo não ser diretos. Mas dizem tudo dessa alma que busca se encontrar.
Uma flor que ocupe o espaço inteiro de uma parede. UMA FLOR DE TECIDO, UMA FLOR REAL, de contornos definidos e recortáveis.
Vers la Seine comecei as fotos. Espalhei algumas flores onde barcos atracam para pegar passageiros.
E fiz composições e registros. O céu voltou a ser azul. Coloquei sticks em minha mão e pequenas de tecido também. E apontei para o céu, apontei para a Notre Dame.
Pensei em fazer um jardim acumulado em minha mão, e fotografar acima de um jardim real. Du Luxembourg.

09.08.07


Praças, parques, jardins suspensos. Alamedas, boulevards.
Velas acesas, rezas, preces, orações.
Missa. Notre Dame, minha igreja, com capela para Notre Dame de Guadalupe. Com flores vermelhas ao pé.
Ao pé das imagens, das escadarias das igrejas, talvez. Ao pé de todas as escadas, todo lugar é sagrado.
Aos meus pés seria profano? Santificado seja o vosso nome.
Em pés de animais. Pé das árvores.
Copa das árvores. Copa com idéia de coração em baralho.
“Embora haja sempre uma cor nova para uma dor latente. Um sono, olhos molhados ensaiando um adeus, por hora basta de desassossego. De flores cortadas ao meio. Junção de partes. Ponte para o além, para onde não estou. E onde estou cava-se um buraco, planta-se um jardim. De rosas plenas, presas por um fio e a mim.”


07.08.07

Au 12éme
Parc Reuilly, próximo ao Metrô Mongallet. Um dos lugares mais tranqüilos até agora para fazer intervenção. Jardim com belas flores, grama liberada para pisar. Assim, brincam grupos de crianças.


06.08.07

O que é a beleza do Jardin du Luxembourg?
E eu que achava que para ser surpreendida por algo em Paris seria difícil. Porque a primeira vista tudo é fascinante, fica até normal! E eis que aparece um parque como esse. Aqui vejo as flores acontecendo. SONHO. Talvez fique assim tão belo depois da chuva. Centenas de cores.
Prends du soleil. Sentada em uma cadeira.

05.08.07

Laranja com canela. Queijo de cabra e le frigo mais gelado que o necessário. Sol janela a dentro, praia particular. Areia preta.
As borboletas transformadoras.
Todo o tempo do mundo para pensar com minha própria voz. Horas sem falar.
À noite de ontem tomei um chopp à beira do Sena. Luzes coloridas, beaucoup de gens, de couples e as luzes coloridas na água, nos corpos, nas idéias, nos sonhos.
Contida. No consumo. Achando que sabe das coisas. Melhor se perder, se soltar. Alçar vôo e ser-me.
EVOCAR os sentidos.
E as flores estão em todo lugar. Em pratos. Em igrejas. O que se recupera? O belo? Um lugar idílico? Jardim do Éden. Os jardins em todo lugar.
(estampar jardins em jogos de cama)
(com recortes costurados)
EMOLDURAR papel de parede. Ou tecido e fazer as flores saírem pôr. Forrar poltrona. Inverter as ordens. As flores murcham. Soltam pétalas pouco a pouco, depois de uma vez. As flores se transformando. Reordenar. Reduzir o grande, agigantar o pequeno.
Envolver minha mão com linha, fio, flor e deixar que um fio caia da palma. Envolver o pé com linha e flores, andar e registrar.
Ser MOBILE.
Meu corpo, suporte.
Corpo-árvore.
Corpo-jardim.
Des idées lumineuses. As flores art nouveau, em portas, em mil coisas. Rever o já visto, dar uma volta sobre o mesmo ponto.
Être heureuse.
Pôr-do-sol à beira do Seine. Um sol que aquece a alma, e não se põe, jamais.
Não lerei todos os livros do mundo. Talvez nem mesmo os melhores. Nem andarei por todas as ruas de Paris, mesmo andando mais de uma vez por uma. Pleno domingo e eu tendo reflexões sob o sol de Paris. E bebendo uma 1664.
Às margens do Seine.
Bandeira verde-amarelo hasteada. Há talvez lá um grupo que fale a minha língua. Mesmo que hoje eu não queira ouvir uma língua. Observo de longe. Sou toda ouvidos, e há todos os sons do mundo ao meu redor. Catherine Deneuve passa de novo por mim dessa vez fazendo festa.
Talvez eu queira permanecer sem som. Ao longo do dia, penso. Falar? Pouco. Ouvir? Também pouco. Olhar...
C’est drôle la vie. Et la bière est três forte. Paris plages. Du Louvre à Sully. Savoir faire, savoir être.


04.08.07

Beaucoup des choses a choisir. Quoi faire?
Escolhi um fio de vermelho, talvez o que ligue nossas vidas. Rouge. Sang. Um instante antes de mergulhar na alma da cidade. PLONGER.
Fios vermelhos mergulhando na cidade, em seus rios, suas vidas. DOLLS.
Na Sacre-Coeur : Agigantar margaridas. Do tamanho de uma cabeça. Criar uma padronagem.
O mínimo como máximo.
A rosácea. O novo. O branco.
Tudo que está sobre nossas cabeças pode ser um céu. Tout que est sur nôtre tête peut être un ciel.
Doucement.
As vozes se confundem. Algumas são como a minha. Ou devia dizer, minhas.


03.08.07

Paris
Et ainsi se passe là lê premier jour. Com muitas cartas não escritas, incríveis. Passos dados sobre passos já dados.
O registro da minha sombra. E as primeiras contas anotadas, assim como os cheiros sentidos.
Sair sem percurso, sem destino. Encontros marcados, prováveis promessas descumpridas. É verão, é possível.
CARTAS.




02.08.07

Em algum lugar no ar. Brasil talvez. Ou oceano.
E eu tomei champagne e pensei naquilo que o olho vê. E o quê o olho chora. Não há força e não há certeza, mas há o momento em que se pensa no agora, os sons, os cheiros, os outros.
São tantas as palavras. São tantas as verdades. Sem compromisso, a não ser comigo.
E assim se dá início o Voilà Paris, Voilà mon coeur.
Ouvir é complicado. Mas dá.
Fricassé au poulet. Du fromage. Foco. Em meus quereres.
Imaginação. Imagine. Imagine all the people living for today. Acreditar na energia do mundo, na energia das coisas.
Para onde estou indo? Há caminho. Há caminho? Caminhos.
A gente vai sempre procurar se entender. “feche os olhos mas deixe a mente aberta”.Talvez eu entenda por osmose.
Há algo a temer? Há belezas infindas.E não há a quem prestar contas ou dar satisfação. Há sonhos. E imaginação. E um vôo direto, sem escalas. AFLORAR.
Admirar a beleza da nova cor. Trabalhar duro quando vale a pena.
Tu en veux?



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